quinta-feira, 24 de maio de 2007

Dois tipos de bulimia


Tipo purgativo:- o indivíduo envolve-se regularmente na auto indução do vómito ou recorre ao uso indevido de laxantes e diuréticos.

Tipo não purgativo:- o indivíduo não recorre ao uso de laxantes e diuréticos nem à auto-indução do vómito, mas em compensação recorre a outros comportamentos como o excesso de exercício físico ou jejuns prolongados.

Perfil de um bulimico


Um bulimico é geralmente um individuo com baixa auto-estima, que se sente inferiorizado por não conseguir controlar os seus comportamentos, que considera absurdos. Estes doentes têm portanto, consciência de que têm um problema grave, e tentam a todo o custo escondê-lo de familiares e amigos. Este facto, leva a que eles se isolem do resto da sociedade.

O bulimico apresenta outros traços caracteristicos como:

    • comer às escondidas;
    • episódios de ingestão compulsiva, que decorrem durante um curto periodo de tempo (por exemplo, 2 horas), em que o individuo se alimenta de forma incontrolável, geralmente de alimentos excessivamente calóricos;
    • medo intenso de engordar, embora ao contrário dos anoréticos consigam manter um peso normal devido aos episódios de ingestão compulsiva;
    • guardar comida para episódios posteriores;
    • fazer grandes períodos de jejum;
    • recorrer a comportamentos compensatórios, como o uso de laxantes e diuréticos, a indução do vómito ou a pratica obsessiva de exercício físico;
    • periodos menstruais irregulares.
    • Os episódios de ingestão compulsiva e os comportamentos compensatórios ocorrem , em média, pelo menos duas vezes por semana, em 3 meses.

      Anorexia pode ser provocada por falha no sistema imunitário

      Os investigadores de um instituto em Estocolmo, analisaram amostras de sangue de mulheres que sofrem de anorexia, bulimia ou de ambas para verificar a presença de determinados anticorpos.
      Os investigadores acreditam que a anorexia pode ter como uma das várias causas reacções autoimunes, que ocorrerão no hipotálamo e na hipófise. Estes anticorpos podem induzir alterações nos centros que regulam a ingestão alimentar e o peso corporal.
      No entanto, não existem provas que relacionem directamente o aparecimento de distúrbios alimentares em mulheres com a presença destes anticorpos, uma vez que estes estavam também presentes em algumas mulheres saudáveis.
      O especialista em distúrbios alimentares Frances Conan, da Clínica Vincent Square, em Londres, disse à BBC ser provável que as doenças sejam causadas por uma interacção entre factores biológicos, psicológicos e sociais. E acrescentou, que contudo que uma vez que o hipotálamo e a hipófise regulam o apetite e a imagem corporal, poderão estar fortemente envolvidos nesta doença.
      O estudo foi publicado na revista Proceedings da National Academy of Sciences, nos Estados Unidos.

      Bulimia e Anorexia serão já problemas de saúde pública?


      Segundo a matéria de Virgínia Alves, publicada no “Jornal de Notícias” do passado mês,
      “O número de casos de anorexia e bulimia nervosas em Portugal é idêntico aos dos restantes países europeus.”

      O psicólogo Paulo Machado, um dos responsáveis por um estudo nacional destas doenças, realizado pela Universidade do Minho afirmou "Trata-se de doenças debilitantes, perturbações psiquiátricas graves, que devem ser encaradas como um problema de saúde pública, que atingem jovens que não têm idade para sofrer de perturbações".
      Através do estudo epidemiológico que, envolveu duas mil mulheres com idades entre os 15 e os 20 anos, foram detectados oito casos de anorexia nervosa e seis de bulimia nervosa. Foram ainda, diagnosticadas 53 situações de perturbação alimentar. "Casos subclínicos de anorexia e bulimia, ou seja, que não cumprem todos os critérios internacionais, que são muito restritos, para diagnosticar as doenças, mas já apresentam indícios graves para serem tratados", sublinhou Paulo Machado.

      Em Portugal os números não devem variar muito, apesar do sistema de saúde não ter a mesma capacidade de resposta para estes casos como acontece noutros países, onde existem mais centros de tratamento de perturbações alimentares.

      O estudo, que foi apresentado no congresso científico "Doentes em risco nutricional", organizado pela Associação de Estudantes de Ciências da Nutrição do Porto, integrado na XV Semana de Ciências da Nutrição, revelou ainda que os números apurados para a bulimia nervosa podem não ser os mais exactos, "isto porque é uma doença que afecta mulheres com idade superior às que foram envolvidas no estudo". Por essa razão, está a ser iniciado um trabalho dirigido a essa faixa etária.

      A investigação, que deverá ser publicada em breve em revistas científicas, partiu inicialmente de um questionário para identificar comportamentos e atitudes que poderiam sinalizar perturbações alimentares. Seguiram-se as entrevistas clínicas aos casos detectados.

      Night Eating Syndrome (NES)

      Nesta doença do comportamento alimentar cerca de mais de 50% das calorias totais diárias são ingeridas após o jantar. Entre as 19horas e a 1h situa-se o período crítico de maior dificuldade em controlar o apetite. Isto traduz-se em insónia, perturbações do sono e ansiedade e é característica uma anorexia matinal.

      quarta-feira, 23 de maio de 2007

      Binge Eating ou Voracidade Alimentar



      O Binge Eating Disorder (BED) consiste em episódios de ingestão compulsiva, mas nestes casos não ocorrem episódios compensatórios (vómito, uso de laxantes, prática de exercício físico intenso, etc,) e por isso se distingue da Bulimia.
      Os indivíduos com BED tendem a comer mais no final do dia e a ingerirem mais gordura em detrimento de hidratos de carbono, sob a forma de sobremesas e snacks.

      terça-feira, 22 de maio de 2007

      Da vida real a ficção

      É comum hoje em dia, em muitos programas de ficção, nomeadamente telenovelas, abordarem-se temas como os da Anorexia e Bulimia, talvez com um duplo objectivo: estratégia de marketing cativando o público aproximando-o de uma realidade de dia-a-dia, e alertar pais, educadores e população em geral para o problema.
      Gostaríamos de saber qual a vossa opinião sobre esta abordagem. Será positivo como alerta e prevenção, ou poderá despoletar comportamentos de imitação na população menos informada e uma alarme desnecessário para pais mais atentos e preocupados?
      O médico Dr. Durval Filho, cita a propósito de uma novela, em que uma das personagens retrata uma adolescente bulímica em ambiente familiar conturbado:
      "Esse é um dos distúrbios alimentares mais graves, e causa sérias conseqüências nutricionais. Considero a iniciativa da novela importante, pois a bulimia, bem como a anorexia, são assuntos velados entre as mulheres", alerta o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia.

      Bulimia vs Anorexia


      Ainda não abordamos aqui directamente o problema da Bulimia Nervosa, muitas vezes confundida com a Anorexia Nervosa.
      A Bulimia caracteriza-se por episódios recorrentes de voracidade alimentar, seguidos habitualmente por indução de vómitos, uso de diuréticos e laxantes, e actividade física intensa, de forma a compensar o excesso anteriormente cometido.
      A confusão entre ambas as patologias ocorre porque muitas vezes elas se cruzam, ou seja, o doente anoréctico poderá passar por períodos de restrição (em que simplesmente se recusa a comer), alternando-os com períodos de compulsão/purgação (em que come compulsivamente e no final recorre ao vómito, laxantes e/ou diuréticos), e este último quadro caracteriza-o como bulímico.
      No entanto, deve-se lembrar que o distúrbio de Bulimia não ocorre exclusivamente durante episódios de Anorexia Nervosa, pode aparecer isolado, e ocorre desta forma até mais frequentemente que a própria Anorexia, sendo de diagnóstico mais difícil, pois na Bulimia a maioria dos doentes mantém o peso normal (ligeiramente acima ou abaixo).

      terça-feira, 15 de maio de 2007

      Síndrome de Gourmet

      Actualmente só são conhecidos 34 casos a nível mundial!
      As pessoas com síndrome de Gourmet têm uma preocupação excessiva e doentia com a compra, apresentação e ingestão de pratos especiais, diferentes e/ou exóticos e em simultâneo apresentam uma perda de interesse pela sociabilização. Entre as causas estão descritas lesões no hemisfério cerebral direito (tumores, traumatismos..).
      Apesar deste gosto pela comida, não apresentam obesidade, nem recorrem a manobras compensatórias.

      domingo, 6 de maio de 2007

      Síndrome de Ruminação



      Esta síndrome aparece habitualmente em crianças, mas também pode ocorrer em adultos. Consiste exactamente num ciclo ruminatório, em que se mastigam os alimentos, engolem-se e regurgitam-se, voltando-se a mastigá-los e a engoli-los.
      Este ciclo repete-se várias vezes e cada episódio pode demorar horas.
      As consequências nefastas vão desde as fissuras labiais, problemas dentários, perda de peso e desiquilíbrios hidroeletróliticos ao risco de pneumonia por aspiração.

      Doença Purgativa


      Caracteriza-se por manobras compensatórias (vómitos, laxantes, diuréticos...), mas sem compulsão alimentar. Os indivíduos mantêm o peso normal ou próximo do normal.
      Pensa-se que a prevalência é maior que a anorexia e bulimia combinadas

      Ortorexia – Quando o querer ser saudável se torna patológico!


      Os ortoréxicos recusam-se a comer em casas de familiares e amigos por desconhecerem que alimentos lhes serão servidos e o modo como estes foram são confeccionados. Deste modo, a obsessão em manter uma alimentação saudável torna-se um verdadeiro risco para a saúde destes indivíduos, uma vez que estes evitam comer certos alimentos, por os considerarem “impuros” ou “nefastos para a saúde” e não os substituem por outros, podendo haver carências nutricionais.
      Os ortoréxicos só comem alimentos “naturais”, aos quais não lhes sejam adicionados aditivos, conservantes, e/ou corantes, e que não tenham sido cultivados com pesticidas ou desinfectantes.
      Quando não se conseguem alimentar com produtos “puros” sentem-se culpados e tendem a recompensar tal “erro” em ingestões futuras.
      Em suma, este distúrbio para além de carências nutricionais graves, poderá provocar também isolamento social e problemas de relacionamento interpessoal.

      Ortorexia nervosa


      Ainda dentro das perturbações “atípicas” do comportamento alimentar, falamo-vos agora da Ortorexia nervosa, uma obsessão patológica em comer alimentos saudáveis.
      (Orthos = correcto ; Orexis = apetite)
      Os denominados ortorécticos despendem muito tempo a pensar em comida e a planear as suas refeições. Impõem geralmente regimes alimentares muito rígidos sob o ponto de vista quantitativo e higieno-sanitário.
      Rejeitam alimentos que consideram impuros (ex: sal, açúcar, alimentos com corantes e conservantes) e não o fazem para perder peso, mas na busca idealista de um corpo saudável!

      Dia da Mãe


      Porque hoje é Dia da Mãe, um beijinho grande a todas as Mães, especialmente às Mães com filhos que padecem de doença ou perturbação de comportamento alimentar. Sabemos que são situações que provocam um desgaste emocional em todo o ambiente familiar, por isso expressamos aqui a nossa solidariedade e convite a deixarem-nos as vossas dúvidas e desabafos, para que possamos responder e ajudar sempre que possível.

      quinta-feira, 26 de abril de 2007

      Cientistas alegam ter encontrado provas de que algumas pessoas podem tornar-se viciadas em fazer exercício físico

      Um estudo em ratinhos demonstrou que quando alguns deles eram privados de exercício, havia actividade em certas áreas do cérebro normalmente ligada à retirada de drogas. Os estudos da Universidade de Wisconsin sugerem que o mesmo pode ser verdade em indivíduos com comportamentos «extremos» que tendem a fazer exercício de forma intensa. Muitos especialistas acreditam que o «vício em exercícios» não é uma condição física.

      Um estudo publicado no jornal Behavioral Neuroscience, utilizou uma raça especial de ratos que tende a usar uma roda de exercícios durante períodos mais longos do que outros ratos. Estes ratinhos de «raça especial» e outros comuns tiveram acesso às rodas de exercícios e podiam usá-las por tempo indeterminado.

      Depois de seis dias, alguns dos ratos de cada grupo foram impedidos de usar as rodas. No momento do dia em que os ratinhos deveriam ter atingido «o auge da corrida», foi feita a medição química da actividade cerebral de todos as cobaias. Foi então constatado que os ratos que não tiveram acesso aos exercícios mostraram maior actividade em 16 das 25 regiões do cérebro, sendo mais acentuado em ratos de «alta actividade». Esta mudança na actividade do cérebro é uma indicação da motivação para correr.

      Componente Psicológica destes Distúrbios

      Preocupações em relação ao aspecto físico (Transtorno Dismórfico Corporal):
      O indivíduo é consumido pela sensação de que há algo de errado ou anormal com o corpo ou com qualquer aspecto da imagem corporal ou da face, mesmo quando os amigos e familiares dizem que está tudo óptimo. Esta preocupação causa sofrimento e o indivíduo pode recear actividades sociais ou evitá-las, com medo de se expôr, tentando corrigir um hipotético defeito, pois há uma excessiva valorização do corpo e a sensação de que ele não satisfaz as expectativas.

      Na Vigorexia ou Síndroma de Adónis existe um preocupação excessiva com a musculatura, o corpo e o exercício físico. Existe uma distorção do esquema corporal porque, por mais exercício físico que façam e mesmo tendo um corpo muito grande e musculado, estas pessoas vêem-se como fracas e débeis. Este transtorno provoca sofrimento, gerando ansiedade, depressão, fobias e comportamentos compulsivos. Existe uma relação entre introversão, dificuldades de relacionamento interpessoal, timidez e mesmo fobia social, com este transtorno. Ao mesmo tempo, pode haver uma grande necessidade de aprovação social, mas sentindo insatisfação e complexos com o próprio corpo.

      Da mesma forma que existe uma distorção do esquema corporal com a anorexia, em que o indivíduo nunca se vê suficientemente magro (ainda que na realidade esteja excessivamente magro).

      A terapia cognitivo-comportamental pretende, entre outros aspectos, modificar os esquemas distorcidos, melhorar a auto-estima e reduzir os comportamentos obsessivo-compulsivos.

      Pica

      A causa da pica há muito que é procurada a partir de perspectivas nutricionais, sensoriais, fisiológicas, neuropsiquiátricas, culturais e psicossociais. As teorias nutricionais são as mais citadas, em geral atribuindo a pica a deficiências minerais específicas, como ferro e zinco.

      Efeitos da pica

      1. toxicidade inerente das substâncias ingeridas
      2. complicações obstrutivas (p.ex.: tricobezoar)
      3. desnutrição
      4. outras complicações (p.ex.: parasitoses, traumas odontológicos)

      Exemplos de pica

      As principais ferramentas terapêuticas são a orientação dietoterapêutica e a suplementação com ferro ou hemotransfusões. O aconselhamento psicológico e o emprego de inibidores da recaptação de serotonina são também recursos bastante úteis, porque embora muitas vezes os medicamentos e vitaminas possam reverter a pica, em muitos casos o tratamento exige considerações psicológicas, ambientais, etc. Em alguns casos uma leve terapia de aversão tem servido para modificar o quadro de pacientes que sofrem com essa condição.

      terça-feira, 24 de abril de 2007

      Dia Mundial do Livro


      Porque ontem foi o Dia Mundial do Livro aqui ficam algumas sugestões de leitura, relativas aos temas aqui abordados:

      Anorexia Mental - Moura, Elysio

      Anorexia e Bulimia Nervosas - Cardoso, Sonia

      Anorexia e Bulimia - Maia, Bruno E Susana Andrade

      Anorexia Nervosa e Bulimia - Duker, Marulyn E Roger Slade

      Social Construction of Anorexia Nervosa - Hepworth, Julie

      Anorexia Bulimia Obesidade - Apfeldorfer, Gerard

      Anorexia e Bulimia - Gerlinghoff, Monika

      Anorexia e Bulimia - Byrne, Katherine

      Anorexia e Bulimia O Que São - Cordas, Taki Athanassios

      Que Consequências tem a Anorexia - V A

      Anorexia E Bulimia - Raich, Rosa Maria

      Anorexia Bulimia E Obesidade - Busse, Salvador De Rosis

      Emagrecer - Por Que Se Engorda E Como Se Emagrece Peres, Emílio


      quinta-feira, 19 de abril de 2007

      Carências nutricionais levam à ingestão de cinzas, barro e cabelo...


      A Pica é uma perturbação atípica de comportamento alimentar, que ocorre geralmente na infância, em crianças de idade pré-escolar, com menos de sete anos.

      O distúrbio caracteriza-se pela ingestão persistente (mínima de um mês) de substâncias não nutritivas, inadequadas para o desenvolvimento infantil e que não fazem parte de uma prática aceite culturalmente. As crianças com esta perturbação costumam ingerir coisas como barro, insectos, cabelo e cinzas de cigarro. Os casos de pica são bastante raros. Ocorrem em maior número, entre crianças de famílias com baixo nível económico e carências nutricionais, ou que sejam vítimas de negligência ou agressão familiar.

      sexta-feira, 13 de abril de 2007

      Vigoréxicos recorrem a dopantes


      Como referimos no post anterior os vigoréxicos são bastante apologistas de produtos dopantes e anabolizantes. Anabolismo é o processo metabólico que constrói moléculas maiores a partir de outras menores. Anabolizantes são substâncias geralmente derivadas da hormona sexual masculina testosterona, e podem ser administrados por via oral ou injectável. São usados para diversos efeitos, incluindo efeitos terapêuticos, mas têm sido especialmente usados por homens e mulheres em muitos tipos diferentes de desportos para atingirem um nível competitivo ideal através do aumento da massa muscular ou para ajudarem na recuperação de lesões, apesar do seu uso para obtenção de vantagens competitivas ser proibido pelas leis dos corpos governamentais de vários desportos.

      Os anabolizantes têm sido prevalentes também entre os adolescentes, especialmente aqueles que praticam desporto. Estudos mostram que a prevalência de uso entre os estudantes das High School americanas pode chegar a 2,7%. Os estudantes homens usam mais do que as mulheres e aqueles que praticam desporto, em média, usam com maior frequência do que aqueles que não praticam.

      É extremamente difícil determinar a percentagem da população que tem utilizado recentemente esteróides anabólicos, mas esse número parece ser muito baixo. Os usuários de esteróides tendem a ser homens entre 15 e 25 anos e fisiculturistas não-competitivos e não-atletas que os usam por razões cosméticas.

      quinta-feira, 12 de abril de 2007

      Novos temas no Blog - Vigorexia


      Depois de uma curta pausa consequente dos festejos Pascais voltamos agora com novos temas dentro do âmbito deste blog.


      Sabe o que é a Vigorexia?
      A Vigorexia não é ainda considerada uma doença do comportamento alimentar, mas está descrita como uma perturbação “atípica” do mesmo. Resolvemos falar-vos do tema, pois dando uma certa continuidade ao assunto abordado anteriormente, anorexia, sabe-se que a pessoa vigoréxica apresenta um narcisismo muito parecido com a anoréctica, e por isso, esta situação é também conhecida como anorexia reversa ou dismorfia muscular. Enquanto as anorécticas se vêem com peso a mais e lutam para diminui-lo, as pessoas vigoréxicas sentem-se esculpidas e querem aumentar cada vez mais a sua massa muscular exibindo com orgulho a sua aparência musculosa.

      Atinge principalmente culturistas e dependentes do exercício e tende a afectar mais homens do que mulheres, pois estes são mais pressionados socialmente a serem musculados. A maioria afectada são homens entre os 18 e 35 anos, que dedicam entre 3 a 4 horas diárias ao exercício. O regime alimentar passa pelo elevado teor proteica e a importância dada a produtos dopantes.

      sexta-feira, 30 de março de 2007

      Do outro lado do espelho

      Um vídeo que de facto revela uma forma de ver diferente da normalidade.

      Induzir o vómito, ingerir laxantes e diuréticos, não emagrece!


      Já todos sabem, como afixamos num dos posts anteriores, que numa anorexia de tipo purgativo, o doente recorre com frequência à auto-indução de vómito e ao uso indevido de laxantes, diuréticos e/ou clisteres, com o objectivo de se “livrar” de todos os alimentos que ingeriu, e evitar engordar.

      Todas estas estratégias são ineficazes no controlo de peso a longo prazo e têm consequências perigosas para o organismo!

      Aumentar a diurese, ou seja, a excreção de urina, significa apenas perder água, sem perder nenhuma gordura! Naturalmente quando a pessoa se pesa, o seu peso irá ser ligeiramente menor, e sentir-se-á mais “leve”, mas não está menos gorda! Apenas desidratada!
      Os diuréticos são úteis no tratamento de outro tipo de patologia, mas não para efeitos de emagrecimento.

      O mesmo se passa com os laxantes. Nenhum laxante elimina gordura do organismo, o que se consegue ao tomá-los de forma excessiva e desadequada é a perda de potássio e dependência que causam.
      Um défice de potássio provoca batimentos cardíacos rápidos e irregulares, fraqueza muscular, apatia e inchaço abdominal.
      Esta perda ocorrerá também com a indução frequente do vómito, além do que, aqui há também o risco de ruptura esofágica e gástrica, atrofia das glândulas salivares e perda significativa e permanente do esmalte dentário! Os dentes da frente tornam-se lascados, com aparência serrilhada e corroída!
      Sem dúvida, as consequências não correspondem a nenhum ideal, nem de saúde, nem de beleza.

      quinta-feira, 29 de março de 2007

      Ginastas são as mais afectadas!

      Nadia Comaneci entrou no livro de recordes dos Jogos Olímpicos em 1976 quando se tornou a primeira ginasta a conseguir uma nota máxima. Aos 14 anos de idade e com 40 quilos, o desempenho de Comaneci em Montreal, inspirou raparigas em idade pré-pubertária do mundo inteiro a praticarem o desporto. A mesma Comaneci voltou ao cenário público mais tarde numa batalha contra distúrbios alimentares, mas isso não diminuiu o entusiasmo da geração seguinte na procura pela magreza doentia.


      A morte da ginasta norte-americana Christy Henrich em 1994, aos 22 anos de idade e com menos de 28 quilos, demonstrou as armadilhas que podem existir na busca cega pelo sonho desportivo. Henrich morreu em consequência de um distúrbio alimentar que a atingia desde os 15 anos. Desenvolveu a doença tempos após um árbitro lhe ter dito para perder peso caso quisesse entrar para a equipa olímpica norte-americana.

      Estes são apenas dois exemplos, entre muitos outros, que atacam as jovens desportistas e as adolescentes em geral, um pouco por todo o mundo. Estudos de especialistas, no entanto, revelaram um padrão diferente nas causas dos distúrbios alimentares entre atletas.

      De acordo com um estudo de 1992 do American College of Sports Medicine, os distúrbios alimentares afectam 62% das atletas de desportos como a patinagem artística e a ginástica olímpica. A culpa, por um lado, parte de muitos técnicos por pressionarem as atletas a emagrecer, ou por questionarem o seu peso. Mas, por outro, os juízes recompensam também as atletas mais magras, e os competidores seguem a crença sem sentido de que corpos com menos gordura melhoram o desempenho.
      Enquanto que em outros desportos, as atletas estão cada vez mais altas e pesadas, a tendência na ginástica olímpica caminha em direcção oposta.
      Joan Ryan regista no livro «Little Girls in Pretty Boxes» que, entre 1976 e 1992 as ginastas americanas ficaram 16,5 cm mais baixas, em média, e 10,4 Kg mais leves. Apesar dos efeitos dos distúrbios estarem bem documentados, incluindo sintomas que interferem no desempenho, como fadiga, fraqueza e batimento cardíaco irregular, os afectados receiam assumir os sinais pois temem serem forçados a abandonar o desporto.

      Um estudo da Associação Nacional dos EUA de Anorexia Nervosa e Distúrbios Associados registou que entre 5 a 10% dos anorécticos morrem dentro de 10 anos depois de contraírem a doença, e que entre 18 a 20% morrem após 20 anos. A recuperação ronda apenas os 30 a 40%.

      quarta-feira, 28 de março de 2007

      Curso Perturbações do Comportamento Alimentar

      Já vários cursos foram realizados no ambito deste tema, tendo como destinatários profissionais de saúde e familiares de jovens anoréticas. Neste momento, está a decorrer na FCNAUP um curso de perturbações do comportamento alimentar, que visa formar técnicos de saúde, e outros profissionais em contacto com sujeitos em risco, de modo a prevenirem, encaminharem ou intervirem nas situações de PCA no contexto multidisciplinar.
      A Faculdade de Psicologia da UP irá realizar um Curso de Intervenção Multidisciplinar nas Perturbações do Comportamento Alimentar e na Obesidade a partir de 21 de Abril. Para quem estiver interessado em saber mais sobre este tema iremos anunciar os cursos ou congressos que forem surgindo.

      sexta-feira, 23 de março de 2007

      Dieta de 1200 Kcal


      Pequeno Almoço – 7h30m – 1 chávena almoçadeira de leite meio gordo (240ml) ou 1 iogurte liquido (200ml) ou 2 iogurtes sólidos (125g cada) + ½ pão (25g) ou 4 bolachas de água e sal redondas ou 2 bolachas tipo cream cracker ou 3 bolachas tipo Maria/torrada ou 2 tostas médias ou 1 fatia de pão de forma ou 1 mão de cereais de pequeno almoço (30g).

      Meio da Manhã
      – 10h30m - 1 iogurte sólido (125g) + ½ pão (25g) ou 4 bolachas de água e sal redondas ou 2 bolachas tipo cream cracker ou 3 bolachas tipo Maria/torrada ou 2 tostas médias ou 1 fatia de pão de forma ou 1 mão de cereais de pequeno almoço (30g).

      Almoço – 13h30m – sopa (quantidade por pessoa para duas refeições) 3 chávenas almoçadeiras de legumes e hortaliças (300g) + 1 batata pequena (80g) ou 1 mão de feijão ou grão (30g) ou 1 mão de arroz ou massa (20g) + 1 colher de chá de azeite em crú.

      Prato – 60g de carne ou peixe livres de pele, ossos ou espinhas e gorduras visíveis ou 1 ovo médio de galinha ou 1 lata de atum bem escorrido em água ou 2 fatias finas de fiambre ou queijo + 1 batata pequena (80g) ou 3 colheres de sopa rasas de arroz ou massa ou 4 colheres de sopa rasas de feijão ou grão ou favas ou lentilhas cozinhados.

      Sobremesa – 1 peça de fruta de 100g (tamanho de 1 bola de ténis) de maçã ou pêra ou laranja ou ameixa ou pêssego ou ananás ou 200g de melão ou melancia (2 fatias médias) ou morangos (12) ou 50g de banana pequena ou uvas (8 a 10 bagos) ou 125ml de sumo de fruta natural ou 200ml de sumo de fruta tipo “light”.

      Lanche – 17h00m – idêntico ao meio da manhã

      Jantar – 20h00m – idêntico ao almoço, se não quiser comer a sobremesa pode comê-la mais tarde fazendo uma ceia por volta das 22h30m.

      Tratamento

      Iremos abordar aqui o tratamento da anorexia nervosa sob o ponto de vista nutricional e alimentar, não esquecendo porém que este tratamento requer a interacção de uma equipa multidisciplinar, onde se inclui também o tratamento médico, principalmente o psiquiátrico.
      A avaliação nutricional do doente deverá ter como bases a história alimentar do mesmo e os seus dados bioquímicos, metabólicos e antropométricos. Seguir-se-á a correcção da malnutrição estabelecida com correcção hidroelectolítica e uma prescrição energética de 1200-1400 kcal, distribuídas por 20% de proteína, 30% de gordura e 50% de hidratos de carbono. Uma dieta de 1200 Kcal não será provavelmente a correspondente às necessidades energéticas cujo peso referência e actividade física do doente exigem em situação normal, mas será a indicada numa fase inicial de tratamento onde existe um baixo peso instaurado, e uma habituação do organismo a ingestões muito diminutas.

      A suplementação vitamínica e mineral é importante e os valores de ferro devem ser vigiados.
      A educação alimentar é também fundamental. Dever-se-ão corrigir atitudes, comportamentos e hábitos desadequados. Explicar como fazer a quantificação apropriada dos alimentos e a correcta utilização de porções e sistema de equivalentes e desencorajar o uso excessivo de certos temperos, muito frequente nestes doentes, que têm o objectivo de ingerir grande quantidade de água, visando uma saciedade precoce e diminuição da ingestão alimentar.

      O número, horário e duração das refeições também deverá ser correctamente estipulado e acordado com o doente, é importante ajudá-lo a construir mecanismos psicológicos para lidar com o “ambiente” das refeições, por exemplo, qual deverá ser a sua postura em refeições sociais e em férias.

      Dependendo das condições clínicas predominantes, é necessário, muitas vezes em função de uma caquexia, proceder ao internamento para restabelecer a saúde em ambiente hospitalar. A família deverá ser orientada sobre a melhor forma de lidar com o problema e ajudar na recuperação.

      terça-feira, 20 de março de 2007

      Nutricionistas- Será que têm maior tendência a desenvolver distúrbios alimentares?

      Em resposta ao comentário colocado sobre a maior probabilidade de os nutricionistas virem a desenvolver anorexia nervosa, encontramos o seguinte caso:
      Como resultado de um estudo realizado no Brasil em mulheres universitárias, verificou-se que as que apresentavam maiores factores de risco para o desenvolvimento de distúrbios alimentares eram as estudantes de nutrição. O questionário Eating Attitudes Test foi aplicado em 221 mulheres (114 estudantes de nutrição e 107 estudantes de outras áreas não relacionadas à saúde). Os resultados indicaram que 22,17% das estudantes apresentaram factores de risco para o desenvolvimento de distúrbio alimentar, sendo que no grupo de alunas da nutrição o percentual foi maior (25,43%) do que no grupo de estudantes de outros cursos (18,69%). Embora a diferença não tenha sido significativa, as futuras nutricionistas poderão estar inseridas num ambiente mais favorável ao desenvolvimento de distúrbios alimentares.

      sábado, 17 de março de 2007

      Blogs Pró-Anorexia


      Existem já diversos blogs a incentivar a anorexia nervosa, criados maioritariamente por jovens adolescentes que indicam formas e métodos para ingerir o menor número possível de calorias e conduzir ao emagrecimento idealizado por elas.
      A informação transmitida é perigosa, sem fundamento e totalmente desadequada, como exemplo


      “DIETA DE EMAGRECIMENTO
      APÓS LEVANTAR-SE - um copo de água quente com uma colher de sal amargo
      PRIMEIRO LANCHE - uma xícara de leite
      SEGUNDO LANCHE - uma banana ou maçã
      ALMOÇO - três xícaras de leite
      À TARDE - uma banana
      JANTAR - duas xícaras de leite”


      Esta “dieta” merecerá comentários??

      quinta-feira, 15 de março de 2007

      Gordura era formosura...



      Sabia que nem sempre a magreza surgiu como esteriotipo de beleza feminina na sociedade?
      Os homens pré-históricos lapidaram estatuetas que mostravam ser um mérito a gordura. Mais tarde surgiram as chamadas Vénus de Milo, toscas formas de mulher com peitos, ancas e ventre enormes. A gordura era venerada como sinal de fertilidade!


      A obssessão pela dieta restritiva é um sintoma da sociedade actual, da sociedade egoísta e da abundância onde grupos sociais se dão ao luxo de desperdiçar aquilo por que suspiram 800 milhões no outro lado do mundo. As imagens de corpos belos, proporcionais e perfeitos que a televisão, o cinema e os outros media nos oferecem são muitas vezes contrários a uma aceitação adaptada e realista da nossa própria imagem.


      É importante que os cidadãos tenham consciência daquilo que comem e se preocupem com as suas consequências para a saúde. Não se pode é fazer disso o centro das nossas vidas, e ver na alimentação, que deve ser um prazer, o nosso principal inimigo!


      “Quando escolho os meus modelos nunca olho para mulheres proporcionadas;
      não me fascina nada uma mulher que tenha tudo no lugar...
      E detesto lábios fininhos que me fazem lembrar o Salazar...” João Cutileiro,1996

      Existe causa para a anorexia nervosa?

      Não se conhecem as causas fundamentais da Anorexia Nervosa. Parece existir uma interacção entre diversos factores de ordem socio cultural, biológica, mecanismos psicológicos pouco específicos e em especial a vulnerabilidade da personalidade.

      As alterações hormonais que ocorrem durante a puberdade e as disfunções de neurotransmissores cerebrais, tais como a dopamina, a serotonina, a noradrenalina e os peptídeos opióides, encontram-se ligadas à regulação normal do comportamento alimentar e manutenção do peso. São factores biológicos sobre os quais se têm realizado vários estudos, no entanto, ainda não foi encontrada nenhuma relação directa entre a alteração destes mecanismos e o desenvolvimento da doença.

      Já sob um ponto de vista genético, alguns trabalhos apontam para uma predisposição genética no desenvolvimento da anorexia. Estudos demonstram uma taxa de concordância muito maior em gêmeos monozigóticos em comparação com gêmeos dizigóticos (56% contra 5%). Parentes de primeiro grau de pacientes com anorexia exibem um risco de aproximadamente 8 vezes maior de apresentar a doença do que a população geral.

      O funcionamento familiar alterado, contudo, liderou durante muito tempo entre os principais aspectos causais. O envolvimento da criança em tensões familiares, pais ausentes, relacionamento conturbado entre mãe e filha, etc., poderão estar relacionados. Porém, estes factores são vistos hoje mais como causas para a manutenção e a evolução negativa da doença, do que propriamente como desencadeadores da mesma.

      Dois tipos de anorexia

      A restritiva – o doente não recorre regularmente à ingestão alimentar compulsiva ou purgação, isto é, auto-indução de vómito, uso indevido de laxantes, diuréticos ou clisteres.
      A que envolve actos de compulsão periódica/purgação – o doente recorre regularmente à ingestão alimentar compulsiva ou purgação, isto é, auto-indução de vómito, uso indevido de laxantes, diuréticos ou clisteres.

      quarta-feira, 14 de março de 2007

      Valerá a pena?

      Em 1975 a cantora Karen Carpenter (do grupo Carpenters) desenvolveu anorexia nervosa. Ela era magra e fazia dietas frequentemente, com o passar dos anos os efeitos nefastos consequentes da anorexia agravaram-se, levando à sua morte por paragem cardíaca. Morreu aos 32 anos.
      Era bela, rica e famosa. Valeu a pena?

      A modelo Ana Carolina Reston Macan (na foto) desde criança sonhou ser modelo, iniciando essa carreira aos 13 anos. Por estar muito magra algumas agências recusaram os seus trabalhos.
      Morreu recentemente, aos 21 anos, com uma infecção generalizada, devido à anorexia.
      Era bela, jovem e com toda uma carreira pela frente. Valeu a pena?

      A anorexia nervosa tornou-se frequente entre adolescentes e mulheres que são escravas do ideal de beleza "esqueleto ambulante”.
      Espanha deu o primeiro passo para combater esta situação, tendo proibido as modelos com índice de massa corporal (IMC) inferior a 18 kg/m² de desfilar na Semana de Moda de Madrid.

      Apoios

      A Associação dos Familiares e Amigos dos Anorécticos e Bulímicos (AFAAB) tem como objectivos dar apoio e defender os direitos dos doentes com anorexia e bulimia, através do encaminhamento às consultas de DCA e do aconselhamento às famílias. A AFAAB tem desenvolvido sobretudo acções de informação e prevenção, desempenhando um papel importante para o conhecimento da doença.

      Morada: Apartado 1189 1054-001 Lisboa
      Telefone: 21 395 11 47 ou 22 200 00 42

      Moda

      Portugal Fashion nunca sentiu problema anoxeria nos modelos

      "A extrema magreza de alguns modelos, que provocou várias mortes recentemente, não se coloca em Portugal e nunca criou qualquer dificuldade aos organizadores do Portugal Fashion, uma das mais importantes mostras de moda portuguesa."

      terça-feira, 13 de março de 2007

      Como diagnosticar ?

      Sinais Precoces de ALARME:
      • O centro da vida passa a ser a dieta
      • Cortar os alimentos em pequenissímas porções e espalhar a comida no prato
      • Esconder e armazenar comida
      • Cozinhar grandes quantidades de comida e ficar a apreciar os outros a comer
      • Escolher um leque cada vez mais pequeno de alimentos
      • Dividir os alimentos em "seguros" e "não seguros"
      • Recusar a partilha de refeições
      Os critérios de diagnóstico para a anorexia nervosa, publicados em 1994, pela American Psychiatric Association foram os seguintes:
      • Recusa em manter o peso corporal no nível igual ou acima do minimo normal adequado à idade e à altura (por ex. perda de peso levando à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado; ou fracasso em ter o ganho de peso esperado durante o periodo de crescimento, levando a um peso corporal menor que 85% do esperado).
      • Medo intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo, mesmo apresentando peso abaixo do normal.
      • Perturbação no modo de encarar o peso/ forma do corpo, influência indevida do peso/ forma do corpo sobre a autoavaliação, ou negação do baixo peso corporal actual.
      • Nas mulheres pós-menarca, amenorreia, isto é, ausência de pelo menos 3 ciclos menstruais consecutivos.

      Gostaríamos de chamar a atenção ao facto de que os critérios de diagnóstico deverão ser sempre e apenas interpretados pelo médico. Neste caso particular existem pelo menos dois bastante subjectivos, difíceis de quantificar, pois com certeza todos nós já encaramos fases de “medo de ganhar peso” por exemplo. O facto de nos identificarmos com alguns destes critérios não significa que estejamos com anorexia nervosa.

      Outro aspecto importante é o diagnóstico diferencial, há que avaliar outras possíveis causas para a perda de peso, principalmente se esta se manifesta após os 40 anos!

      segunda-feira, 12 de março de 2007

      Diário de uma anoréctica


      Eu quero morrer.....É só isso que tenho a dizer.
      Não estou bem.
      Não me apetece falar de nada.
      Sinto-me deprimida.
      Preciso emagrecer! Preciso emagrecer! Preciso emagrecer!
      PRECISO LIVRAR-ME DESTAS BANHAS NOJENTAS QUE ME FAZEM SER UM SER INFERIOR.
      Que ódiooooooooooooooooo!!!!!!

      Enquadramento psicossocial de uma anorectica


      Muitas anorécticas pertencem a famílias rígidas e fechadas sobre elas próprias, e geralmente têm um relacionamento patológico com a mãe. As anorécticas são frequentemente pessoas dependentes, mas actuando de uma forma de perfeita independência, extremamente carentes de afecto, quase obsessiva tendência para o perfeccionismo intelectual, que as leva à quase incurável racionalização.

      Há como que uma recusa inconsciente de crescer, tentando conservar as formas de infância. A tentativa de controlo do corpo surge assim como uma forma inconsciente de compensação de um sentimento generalizado de incapacidade, de dependência, dificuldades de autonomia e capacidade.

      Atinge normalmente jovens entre os 10 e os 20 anos. Em geral raparigas inteligentes, provenientes de famílias de classe média alta que gostam de agradar. A opinião dos outros, principalmente dos que estão mais próximos é de extrema importância.

      Contudo, estas caracteristicas não podem ser aplicadas a todas as doentes, o diagnóstico deve ser individualizado, apesar de existirem aspectos comuns na maioria dos casos que nos permitem definir padrões.

      Um pouco de história…

      A anorexia nervosa é uma doença já descrita há vários séculos, sendo as suas vitimas maioritariamente mulheres.

      Na Idade Média, surgiram os primeiros relatos sobre o tema, chamando-se inicialmente anorexia mística, uma vez que afectava sobretudo mulheres muito devotas à religião, como foi o caso de Santa Catarina de Siena.

      Foi identificada como entidade clínica apenas no século XIX, pelo francês Lasègue e pelo inglês Gull. Foi categorizada como doença psiquiátrica à qual se recomendou o afastamento do ambiente familiar, para uma maior eficácia do seu tratamento. Em 1873 foi criado o termo Anorexia Nervosa, que ainda hoje se mantém.

      No século XX, a partir da década de 70 os investigadores Hilde Bruch, Arthur Crisp e Gerald Russell realçaram a existência de uma perturbação da imagem corporal nestas doentes, bem como o receio mórbido em ganhar peso, e as dificuldades de encarar as transformações que ocorrem na puberdade.

      Em 1970, Russell estabeleceu pela primeira vez as três características fundamentais da anorexia:
      • Comportamento persistente com o objectivo de perder peso;
      • Alterações psicológicas causadas pelo medo de engordar;
      • Alterações endócrinas, como falta de menstruação (amenorreia) nas mulheres e falta de interesse sexual em ambos os sexos.

      Foi também Russell que em 1979 descreveu a bulimia como uma nova doença derivada da anorexia. Considerou-a como uma variante da anorexia e definiu-a:

      • Pela existência de episódios de ingestão compulsiva de alimentos;
      • Pela ocorrência de estratégias para evitar o aumento de peso provocado pelos alimentos ingeridos através do recurso a vómitos e laxantes;
      • Pelo receio mórbido de engordar;

      Mais tarde verificou-se que a bulimia nervosa também surgia em pessoas que registavam um peso normal e não só em anorécticas.


      Apresentação

      Somos alunas da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e estamos a criar este blog no âmbito da disciplina de Comunicação. Aqui iremos escrever sobre distúrbios do comportamento alimentar. Vamos explicar brevemente o que é a anorexia e a bulimia, indicando o comportamento alimentar correcto que se deve adoptar de forma a prevenir a doença, pois não esquecemos o lema "Mente sã em corpo são". Vamos também publicar as notícias internacionais relacionadas com este tema. Este blog é destinado a todas as pessoas, pois pretendemos transmitir como precaver estes distúrbios, bem como tratá-los.
      Sejas tu uma adolescente preocupada com a imagem, sejam pais preocupados com os filhos, ou seja apenas uma pessoa que gosta de estar informada acompanhem-nos e deixem os vossos comentários.

      terça-feira, 6 de março de 2007

      Uma Visão Global

      Todos nós comemos não apenas por necessidade fisiológica mas também pelo prazer que os alimentos nos transmitem, razões de ordem afectiva e social. Os padrões de ingestão variam de individuo para individuo. Há pessoas que comem pouco, outras que comem muito, mas algumas adquirem comportamentos de extremo maleficio contra si próprias, ultrapassando os limites máximos e minimos da ingestão saudável. Aqui se estabelece o limiar entre saúde e doença.